A palavra Rap, é uma abreviação de uma frase americana chamada de "Rhythm And Poetry", que significa "Ritmo e Poesia, e entre este estilo e o tradicional Cururu, existe uma essencial caraterística que as sincronizam e faz parte na utilização de ambos os estilos, que é a rima em prosa.
Mas antes do surgimento do estilo Rap, o Cururu já se manifestava no Brasil há muito tempo, através da fusão da cultura indígena, europeia e africana, e este gênero se dividiu em três vertentes, durante o seu desenvolvimento cultural, sendo eles: O Cururu como dança típica da região Pantaneira, o Cururu como moda caipira com o uso de ritmo e melodia na região Mineira e Nordeste, com a inclusão de violas e cantores repentes, e descendo para a região Sudeste, encontramos o mais desafiante entre eles, com estilo semelhante ao repente e que no qual requer uma rapidez de raciocínio, habilidade no improviso das palavras, afinação e rima para a sua execução com maestria, e que passou a ser chamado de "Cururu do Interior Paulista", e estava sempre presente em festas populares, religiosas, casamentos, roda de violeiros e encontros festivos e foi ele foi trazido para nossa região, no inicio do século XX, pelos Bandeirantes Paulistas e sendo depois aperfeiçoado pelos caboclos , matutos e caipiras.
O Cururu foi apresentado pela primeira vez como espetáculo ao público urbano, em meados de 1910, por Cornélio Pires, que era na época, um grande promotor da cultura caipira do interior paulista, principalmente do estilo Cururueiro.
Algumas pessoas também chamavam esta manifestação cultural de Embate Poético ou Moda Repente, onde duas duplas de cantores, seguidos por duas violas, expressavam uma série de fatos através do canto alterado entre eles, em forma de versos rimados, ou com uma formação completa do grupo, que tinha como acompanhamento uma "levada" musical harmônica, que ditava o ritmo do desafio com um Riff melódico como introdução e acordes harmônicos como "pano de fundo" ou background, tocado através de uma viola caipira de dez ou doze cordas e raramente se via um instrumento de percussão em acompanhamento, como o reco reco ou pandeiro.
O REI DO CURURU E O MÉDIO TIETÊ
Os melhores Cururueiros eram facilmente encontrados na região Sudeste e em cidades como Laranjal Paulista, Conchas, Pirapora,Rafard, Tietê, Cerquilho, Cesário Lange, Pereiras, Porangaba, Bofete, Botucatu, Barra Bonita, Porto Feliz, Sorocaba, Tiete Tatuí, Porto Feliz, Piracicaba e demais cidades do Médio Tietê, sendo que em nossa cidade surgiram os mais notáveis cururueiros como Nhô Serra, Moacir Siqueira, Silvio Paes, Manezinho Moreira, Parafuso, Pedro Chiquito e muitos outros.
Mas como em todas as categorias, seja ela esportiva ou musical, tem sempre um jogador ou artista que é aclamado pelo povo como rei e no Cururu também isto não foi diferente, e eis que no dia 19 de fevereiro de 1920, em Recreio no distrito de Piracicaba, nasce Antônio Candido, mais conhecido como Parafuso, e tempos depois aclamado como "O Rei do Cururu".
Era um homem "sarrista de primeira linha", tendo como uma de suas táticas o caçoar com humor, fazendo com que o povo risse, ou se satisfizesse a cada final de suas rimas ou versos declamados, cativante e muito comunicativo e a multidão muitas vezes se aglomeravam para vê lo em ação, e muitos diziam que ninguém o conseguia vencer nos confrontos em prosa.
A cada vitória, ele rodopiava em volta de si mesmo e o completava com um salto, surgindo então o apelido de "Parafuso", porém o "Trovador", aos 53 anos, devido as frequentes friagens das noitadas de serestas, adoeceu e faleceu no dia 02 de Dezembro de 1973, e alguns anos depois, ele foi imortalizado pela dupla Tião Carreiro e Pardinho com a música "Negrinho Parafuso" e batizando com o seu nome e apelido uma importante praça situada no centro do bairro da Vila Rezende.
Mas isto é uma outra história...
A CHEGADA DO ESTILO RAP
Enfim, após quase 40 anos da estreia oficial do Cururu, surge em meados de 1950, no continente americano, trazido pelos negros africanos , o estilo Rap e segundo o historiador (SILVA,1999), o estilo se deu origem no canto falado da África ocidental, mesclada com a música jamaicana daquela época e que acabou influenciando a cultura negra dos guetos nova iorquinos no período pós-guerra.
Assim, se observarmos, o Rap e o Cururu agem na mesma linha e são vertentes do estilo livre, com o uso da poesia oral, baseada na rima, no repente, improviso e até desafios, mas a diferença está nos acessórios instrumentais utilizados pelo Rap, como o acompanhamento de base, a linha vocal em uma certa entonação e a fala mais rápida, sendo muitas vezes agressiva em suas declamações e permanecendo em uma mesma nota ou tessitura durante a sua rima ou "linguagem" e incorporada a uma melodia que age sob uma base rítmica repetitiva, realizado por uma bateria eletrônica ou sintetizadores unido a uma parte de um refrão melódico antigo e de reconhecimento popular, seja ela na versão original ou remixada.
Porém, o seu precursor regional brasileiro, o Cururu, entoa seus improvisos baseados na vida simples e social, a valorização da natureza, vida religiosa, as crenças e causos contados que passavam de pai para filho, humor inocente e frases terminadas em vogal ou pré definidas, chamada de "Carreira".
O Rap chegou aqui, durante uma conturbada fase politica e sociocultural, caindo no gosto dos jovens e quando se abrasileirou, tornou se uma importante voz de protesto e denúncia do sofrimento social nos guetos e favelas na luta contra a violência urbana, brutalidade policial, corrupção, fome, drogas, severas perseguições aos menos favorecidos, racismo, feminicídio e a falta de segurança, e assim como o Cururu se abriu em três vertentes entre a dança e a trova, (Pantaneira, Nordestina e Sudeste), o Rap se abriu em três "estilos rítmicos", dentro de um mesmo gênero: O tradicional Rap Americano, O Rap Melodia, (menos agressiva) e o Rap Cristão, adaptando suas letras e rimas para o exercício do evangelismo entre os moradores das comunidades, das favelas, guetos e simpatizantes deste estilo.
Mas isto, também é uma outra história.....
Texto: Maestro Cidão (José Santos) 007.4524/SP
Fonte: dportes.com / jornalcruzeiro /gshow /sescsp /infoescola/globorural/ EmersonSantiago / Blogoalleoni
Foto Ilustrativa
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