Redenção, a 55 quilômetros de Fortaleza, no Estado do Ceará, foi a primeira cidade a libertar seus escravos em meados de março de 1884, quatro anos antes da assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel, porém alguns historiadores defendem do fato ter ocorrido em fevereiro de 1888, três meses antes da assinatura.
Porém, este episódio histórico, só se tornou possível com a declaração de Deocleciano Ribeiro de Menezes e a chegada dos abolicionistas na Vila, em 1º de janeiro de 1883, antes, conhecida como Acarapé e pertencente a província de Baturité.
Os “libertadores”, importantes abolicionistas da época, vieram em comitiva prestigiar a solenidade do acontecimento, pela Estrada de Ferro de Baturité e entre eles estavam presentes José Liberato Barroso, General Antônio Tibúrcio, Padre Guerra, Justiniano de Serpa, José do Patrocínio e João Cordeiro, a fim de presenciarem a tão sonhada alforria dos 116 escravos da Vila.
No relato da Câmara de Redenção, o fato foi consumado através de uma reunião de um grupo de sete pessoas, entre elas, fazendeiros e a participação de um alto patente do Exército, realizada na fazenda Ponte Alta e ali foi assinada uma declaração, que libertou 414 escravos e não 116, como relata a historiadora e eles passaram a prestar serviços com contrato de trabalho.
Em resumo, nenhum desses relatos tira a grande importância histórica, que a cidade ostenta com muito orgulho e merecimento.
MOSSORÓ - E A BRIGA PELO PIONEIRISMO!
Por outro lado, Mossoró, cidade do Rio Grande do Norte reivindica o pioneirismo da libertação dos escravos para si, com um intervalo de cinco anos antes da assinatura da Lei Áurea.
De acordo com o relato da cidade, a idéia partiu através de uma homenagem prestada pela maçonaria ao casal Romualdo Lopes Galvão, líder da política e do comércio local em 1883 e a proposta tomou força com o apoio popular e no mesmo ano, foi instalada na Câmara Municipal, a "Sociedade Libertadora Mossoroense", que no qual instituiu o dia 30 de setembro para libertação de 86 escravos.
Assim, os escravos libertos, continuaram a viver nas fazendas como funcionários remunerados, pois o movimento se preocupou também com o futuro dos libertos, ao contrário do que aconteceu na Lei Áurea, quando os escravos foram expulsos das fazendas, e acabaram marginalizados.
Com o fim da escravidão na cidade, Mossoró passou a receber muitos escravos que fugiam de outros municípios em busca da liberdade.
Também outro importante historiador, José Luiz Pasin, do IEV (Instituto de Estudos Vale paraibanos), relata que outras cidades também seguiram os passos do município de Redenção e libertaram seus escravos quase que na mesma época, e entre elas estão as cidades de São Luís do Paraitinga, Caçapava, Pindamonhangaba, esta com 3,705 libertos e Taubaté, com 4.537 .
Porém, na região sudeste, desde 1885, alguns fazendeiros paulistas já estavam dando liberdade provisória aos escravos e lhes pagando pequenos salários, no intuito de evitar possíveis fugas, pois economicamente já não era mais vantajosa manter os negros em regime escravagista.
Três anos depois, foi a vez do Estado de São Paulo realizar o mesmo feito, tendo a cidade de Santos como a pioneira.
A ÚLTIMA CIDADE!
No interior de São Paulo, a situação foi muito mais complicada, principalmente na região de Campinas, que tinha a cidade de Piracicaba como uma de suas parceiras no comércio de escravos, e como resultado, o município de Campinas acabou ganhando destaque negativo em ser a última cidade do país e do mundo a respeitar a lei em vigor , e carregando nos ombros, também o título de ser a cidade mais violenta para negros escravizados daquela época.
Segundo a historiadora e urbanista Alexandra Ribeiro, existem registros e relatos das duras práticas da escravidão em Campinas até meados de 1920.
Estas crueldades e atrocidades eram tantas, que quando os escravos 'aprontavam' na região paulista, eles eram vendidos para os senhores de Campinas, de tão violentos que eram e umas das práticas de castigo que empregavam, era o cortar dos tendões dos negros escravizados, porque com isso, os impossibilitava da fuga mas não do trabalho forçado.
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