Pietro Tabacchi (ao centro), o idealizador da primeira expedição de italianos para o Brasil Foto: Reprodução/Vitoria News
Antes de contarmos em resumo a história dos primeiros imigrantes italianos a chegarem em Piracicaba e desembarcarem cheios de esperanças, uns na ingenuidade, outros com sonhos de riquezas, porém, sem sentir o real motivo por atrás de tudo isso,( que era a dura substituição da mão de obra escrava que aqui havia, desde a sua fundação).
Para isso, reportaremos então ao cenário antigo da nossa cidade e a alguns fatos desumanos que ainda imperava na época, para seu melhor entendimento.
Pois bem. Tudo começa em 1º de agosto de 1767, dia em que ocorre a fundação oficial da povoação de Piracicaba, sendo que oito anos depois, em 21 de junho de 1774, a povoação se tornou freguesia e separou se de Itu, onde éramos vinculados desde o inicio, e este decreto perdurou até o dia 10 de agosto de 1822, quando a Freguesia de Piracicaba se desenvolveu e passou a se chamar de Vila Nova da Constituição, e alguns anos depois de Piracicaba, e a cultura do café e cana de açúcar eram as que dominavam toda região.
Foi neste panorama que os primeiros imigrantes italianos, sendo iludidos pela mídia, através da propaganda de conteúdo e promessas de riquezas vieram ao País, rumo a nossa cidade, da mesma forma que ocorrera com os japoneses anos depois, resultando assim, na sua chegada através da ferrovia de trem na estação da Paulista.
Os imigrantes italianos, eram pessoas simples e na maioria agricultores, que procuravam em continuar aqui suas profissões oficiais de origem, mas a surpresa os abateu, quando viram que na verdade eram para substituir a mão escrava negra, devido a forte pressão dos países europeus, Estados Unidos e as leis brasileiras que fortalecia sobre os fazendeiros e as novas leis ficavam cada vez mais difícil de serem burladas.
Mesmo assim, muitos imigrantes conseguiram dar a volta por cima e estão até hoje honrando o sobrenome da família, e outros por terem alta experiência, talento ou adquirirem com rapidez um aprendizado na função de fotografo, sapateiros, escultores, ferramenteiros, mecânicos, metalúrgicos e outros, também obtiveram êxito e alguns deles, ao desconfiarem que poderia ser uma "armadilha" criada pelos posseiros, deram meia volta e conseguiram retornar a tempo a sua terra natal.
Mas os que ficaram fizeram história, pois não podiam mais retornar e tiveram que sentir por alguns anos o gosto na própria pele dos maus tratos, quase semelhantes aos dos escravos e para isso, só lhes faltavam o pelourinho as correntes e as chibatadas.
Aos que tinham alguma renda, eram irrisórias e muitos viviam mergulhados em dívidas com os proprietários das terras, sendo quase impossível conseguirem saldar seus débitos, ficando praticamente prisioneiros de seus senhorios, que também não os deixavam sair da propriedade onde eles ou a sua família se encontrava.
Por desconhecerem as leis vigentes redigidas pelas autoridades, sempre a favor das necessidades dos que detinham o poder, somado as dificuldades linguísticas para se comunicarem, eram facilmente enganados e iludidos em seus conceitos.
Da mesma forma que os senhores de terras agiam com a situação dos negros escravos na área da saúde, a assistência médica para muitos, era quase que praticamente nula, pois os mais simples não possuíam poder aquisitivo o suficiente para consultar um profissional.
Enfim, enquanto o sofrimento dos escravos perdurava por mais de 300 anos, dos imigrantes italianos foram poucos anos, pelo fato das crueldades exercidas contra eles se tornarem publicas, chegando enfim aos ouvidos de um alto comissário responsável pela imigração conhecido como Prinetti, que acabou com esta farra, cassando a licença de quatro companhias de navios italianos e interrompendo o ciclo de imigração.
Houve também neste período, muitas revoltas resultando em mortes e assassinatos, com desavenças, ambições e desentendimentos, e a solução encontrada para isso, foi a criação da Sociedade de Mutuo Socorro que funcionava da seguinte forma:
Cada família contribuía com uma quantia estipulada, e em caso de necessidade, as despesas eram pagas pela organização beneficente; dessa forma conseguiram rapidamente a se reerguerem e terem acesso à assistência médica, hospitalar, sepultar seus parentes e até alguns no retorno à Itália; organizavam quermesses e jogos de tômbola e outras fontes de renda comunitária para angariarem fundos para a associação.
Com isso, surgiu entre eles a tendência das pessoas da mesma etnia morarem sempre próximas umas das outras, surgindo assim, o bairro da Vila Rezende, sendo ele seu primeiro reduto italiano, no final do século XIX e os bairros de Santa Olímpia em 1892 e a de Santana já no ano seguinte pela Família Vitti e Forti.
Mas isto já é uma outra história...
Texto: José Santos (Maestro Cidão) Mtb:007.4724/ SP
Fonte: IHGP / - Foto: APES/ES / https://www.oriundi.net/
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