A faixa territorial do bairro distrito de Santa Terezinha em Piracicaba, onde hoje se localiza o supermercado Pague Menos e o posto de gasolina, seguindo o curso do rio Corumbataí, existiu uma das mais nobre resistência negra da região, o "QUILOMBO CORUMBATAÍ", em 1750.
Sim! Havia escravos em Piracicaba, e não eram poucos para aquela época, perdendo apenas para Campinas e Batatais e com uma população estimada entre 5 mil ou mais moradores,. Segundo o historiador e filósofo Antônio Filogênio Júnior, o local teve a presença de escravos de origem Bantu , vindos das regiões conhecidas atualmente como Congo e Angola, localizadas na África.
A sua existência, foi um período importante para análises históricas da presença negra no país e que no qual teve um papel altamente significativo, tanto para a comunidade negra no reconhecimento da sua história e atos de resistência, quanto ao reconhecimento histórico do município e da região.
Apesar dos perversos personagens da cidade que ansiavam em perseguir os negros quilombolas, a organização do local era comunitária e pairava ali a democracia, mesmo sem utilizar os valores que no qual hoje conhecemos; era uma área aberta para o recebimento não apenas de negros, mas também indígenas e pessoas brancas que compartilhavam o mesmo espaço em comum.
O quilombo foi exemplo momentâneo de um exercício democrático de uma organização social que existiu no Brasil em uma época que praticamente não se discutia isso. Eles foram um exemplo real e vivo dessa possibilidade.
Naquela época o local era caminho para aqueles que iam atrás das minas de ouro em Minas Gerais, mas após haver a suspeita de mineração de ouro nos "Campos de Araraquara"( nome dado na época para esta região), e da possível povoação de negros que começaram a se achegarem com a criação de fazendas de gados, o quilombo entrou na mira do governo.
Em abril de 1804, a exato 214 anos, com a suspeita de que os negros estivessem garimpando ouro, o quilombo urbano Corumbataí fora destruído e os negros assassinados pelo sargento Carlos Bartolomeu de Arruda Botelho, nome que mancharia de vermelho sangue uma das importantes avenida em Piracicaba, , se não fosse pelo fato de seu nome ser homônimo ao do piracicabano Carlos Botelho.
Porém, este de sobrenome Bartholomeu, teve a ajuda da força militar da Capitania de São Paulo, a pedido do governador Antônio José de França e Horta.
Mas felizmente, a Avenida homenageia, o Dr. Carlos José de Arruda Botelho, nascido no ano de 1855 em Piracicaba. Médico urologista, formado em Paris, trabalhou na Santa Casa de Misericórdia, centro de referência hospitalar paulista localizado até hoje no bairro da Santa Cecília. Tornou-se um dos mais brilhantes e reconhecidos cirurgiões de São Paulo. Ajudou a fundar a Policlínica de São Paulo, criou a “Casa de Saúde Dr. Botelho” – primeiro hospital particular brasileiro – no Brás e foi sócio - fundador da Academia de Medicina de São Paulo, da qual foi presidente entre 1896 a 1917.
Voltando a história do Quilombo, hoje, naquele local, existe uma praça intitulado "Parque Histórico Quilombo Corumbataí". Foi o ex vereador Pira, - Walter Ferreira da Silva (1951-2011) um defensor da causa negra da cidade que levou a ideia adiante, tendo como base histórico, documentos do historiador Noedi Monteiro e também do historiador e filósofo Antônio Filogênio, resultando assim no projeto de lei 295/2009, no qual determinou o local como " Parque Histórico Quilombo Corumbataí".
O Parque se localiza em Piracicaba, no Distrito de Santa Terezinha, na avenida Nossa Senhora do Carmo e rua Adelmo Cavagioni, um movimentado espaço de lazer , sendo frequentado ativamente pelos moradores locais.
Por: Jornalista e publicitário José Santos (Maestro Cidão) Mtb 007.4724/SP - Foto Ilustrativa do antigo local (parque do Distrito Santa Terezinha)
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Olá, quem é o autor desse texto? Estou fazendo um trabalho de escola e gostaria de usar as informações presentes nesse artigo.
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