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A Voz dos Bairros de Piracicaba

Piracicaba e a Fazenda Milhã: História, Arquitetura e Memórias do Período Escravocrata - Parte 3

 

Foto} Neide Marcondes

Fazenda Milhã: História, Arquitetura e Memórias do Período Escravocrata



Localização Atual


Fazenda Milhã está situada no distrito de Saltinho, no eixo entre Piracicaba e Tietê, no interior de São Paulo. 


Essa região foi um importante polo cafeeiro e canavieiro durante os séculos XIX e XX, marcando profundamente a história econômica e social do estado.


Origens e Desenvolvimento



Uma das fazendas mais antigas da região, a Milhã pertenceu ao ituano Antônio Ferraz de Arruda e foi desmembrada da Sesmaria do Congonhal


Segundo registros históricos, em 1867, iniciou-se o cultivo de café, que impulsionou sua expansão.



Lavoura de Café



Ao longo dos anos, a propriedade diversificou sua produção, alternando entre:

  • Café (1867 em diante)
  • Cana-de-açúcar
  • Algodão
  • Pecuária (a partir dos anos 1980)

Em 1981, a fazenda ainda mantinha 540 alqueires, preservando traços arquitetônicos e históricos de seu passado bandeirista e escravocrata.


Arquitetura e Estrutura da Fazenda



A Casa-Sede: Um Legado Bandeirista

Com mais de 150 anos, a casa principal foi originalmente construída em taipa de mão, técnica tradicional paulista. 


Em 1975, passou por reformas, perdendo parte de sua estrutura original, como a ala direita, que abrigava:

  • Sala de queijos

  • Despensa
  • Cozinha com forno a lenha e ralador de milho

Segundo pesquisas, a arquitetura da casa demonstra:

"vínculos com gerações anteriores, filiando-se à tradição bandeirista, mas sem rigidez no planejamento original."


Na frente, encontravam-se:

  • Salas de visita
  • Quartos e alcovas
  • Corredor que levava à varanda

varanda tornou-se um espaço central durante o ciclo da cana, servindo como:
✔ Área de refeições
✔ Lazer
✔ Administração da fazenda



O Depósito e os Vestígios da Escravidão

Ao lado da sede, um antigo depósito era usado para guardar:

  • Arreios
  • Ferramentas
  • Móveis antigos



No entanto, esse mesmo local também serviu para castigos aos escravos, um triste legado do período colonial.



Curiosidade macabra:

  • As latrinas dos homens foram mantidas intactas, com divisórias de madeira e sem sistema de esgoto, revelando as condições precárias da época.

Quadro Histórico: Fatos e Curiosidades

AnoEventoCuriosidade
Século XVIIIFormação da Sesmaria do CongonhalTerras originais que deram origem à Fazenda Milhã
1867Início do cultivo de caféMarcou a transição para a economia cafeeira em São Paulo
Década de 1970Reforma da casa-sedePerda de estruturas originais, como a cozinha colonial
1981Registro da fazenda com 540 alqueiresMostra a grande extensão territorial preservada
Século XXIAtual uso para pecuáriaAdaptação aos novos modelos agrícolas

Presença Escravocrata e Memória



A Fazenda Milhã, como muitas propriedades rurais do século XIX, utilizou mão de obra escravizada em suas lavouras. 


O depósito, que hoje guarda ferramentas, já foi local de punição e sofrimento, um lembrete sombrio desse período.



Por que isso importa?


  • A região de Piracicaba foi um dos principais polos escravagistas de SP.
  • A arquitetura da fazenda ainda guarda marcas desse passado.

Conclusão

Fazenda Milhã é um patrimônio histórico que mescla arquitetura tradicional, ciclos econômicos e as marcas da escravidão. Sua preservação permite entender melhor o desenvolvimento agrícola e social do interior paulista.

📌 Você já visitou essa fazenda? Conhece outras propriedades históricas na região? Compartilhe nos comentários!



Fotos: São Paulo Antiga / A Provincia





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